quinta-feira, 11 de abril de 2024

Pauta de Hoje: O novo do Libertines e a série "Ripley"

 

Pauta de Hoje: O novo do Libertines e a série "Ripley"


ALL QUIET ON THE EASTERN ESPLANADE



Saiu o novo álbum (ainda existe isso?) dos Libertines. Tomarei a intimidade de não chamar a banda de "The Libertines", ok? Fica só Libertines. Pois é... Depois de um hiato de NOVE anos desde o último trabalho deles, o "Anthems for Doomed Youth" (2015) - Peter e cia. não davam o ar da graça. Aliás, sendo bem sincero, ninguém apostava nenhum tostão furado em qualquer volta (será que é?) ou trabalho novo dos caras. Decerto, que o álbum anterior teve até boa aceitação de crítica, mas não vendeu bem. Antes de entrar na seara desse vamos recapitular um pouco a história deles...

Os Libertines foram sucesso total estourando a bolha indie (ou alternativa) no começo do século XXI. Peter Doherty e Carl Barât, os fundadores e pilares da banda, apareceram com tudo na Europa por volta de 2000, 2001... A data de início deles marca em 1997, porém o registro mesmo ficou em "Up the Bracket" de 2002. E, ali mesmo Peter já estava completamente viciado em crack e heroína. Como o mundo do rock adora esse tipo de personagem ele rapidamente tornou-se famoso e adulado. Peter começou a circular com Kate Moss (modelo) e a aparecer nos tablódies ingleses como o mais novo casal "drug chic". Uma espécie de Sid & Nancy do novo século. Kate já era bem famosa. E, seu envolvimento com artistas adictos também não era novidade. Depois vocês pesquisem a biografia de Kate. Enfim... Peter entrou e saiu diversas vezes de "rehabs" por aí... Depois do segundo disco, o "The Libertines" de 2004, ele foi expulso por Carl já de saco cheio de tudo aquilo. E, logo em seguida a banda termina. O que viria a seguir seriam sucessões de notícias sobre brigas, voltas, projetos paralelos, etc... Até uma aposta para saber QUANDO o cantor morreria de overdose teve. Mas, não aconteceu. Quem faleceu mesmo foi Amy Winehouse (outra figurinha marcada pelo vício). Falando em projetos, Peter fundou o "Babyshambles" nessa época mesmo e alcançou mais uma vez o sucesso. "Fuck Forever" soou no Brasil como um hit enorme. Vieram ao Brasil, inclusive. Isso manteve Peter na ativa até 2013. Mesmo com notícias sobre Carl e volta dos Libertines pingando vez em quando. 

Em 2015 eles lançaram mais um trabalho (citado acima) numa tentativa de retorno dos Libertines. Peter saíra mais uma vez de um rehab (dessa vez bem sucedido) e estava disposto. Chegaram a participar de duas turnês conjuntas, contudo nada tão notória como antes. Até chegar ao álbum desse ano. Depois de acertos de contas e tudo mais, Peter e Carl entraram em estúdio e gravaram o excelente "All Quiet on The Eastern Esplanade". Lançado no começo de abril, o álbum flerta com o quê de melhor eles fizeram no passado. Canções bem trabalhadas, coesas, boas baladas e arranjos e sopros. Do começo ao fim tudo desce redondo (e reanima?! Um recibo de velhice agora... Rarara) e perfeito. Ouso dizer que há tempos não ouvia algo tão digno dos Libertines. Juro. Os caras capricharam e fizeram um trabalho certeiro. Quem for ouvir o álbum não pulará nenhuma faixa. Nada. Tudo é bacana e gostoso de ouvir. Mas, como eu respeito a audiência deixarei aqui as minhas faixas prediletas. Logo na abertura eles começam com "Run Run Run" (coisa fina e bem a cara do segundo disco deles de 2004), depois tem a lindíssima "Merry Old England" (lírica e cheia de sopros), "Mustangs" (algo dos Stones), "Oh Shit" (alguém falou em Sex Pistols?), "Baron's Claw" (melodia marcada e quase latina - um cabaré) e "Be Young" (post punk da melhor qualidade). Pode ir sem medo. As faixas citadas são ótimas e o álbum inteiro é muito bom! 


RIPLEY




Estreou semana passada no streaming a minissérie baseada no romance (novel) de Patricia Highsmith. Sim, de onde saiu o clássico filme "O Talentoso Ripley". O personagem Ripley de Patricia aqui aparece numa série "noir" e charmosa com o lindíssimo litoral italiano em fotografia esplêndida. Exatamente como nas versões pro cinema (sim, foram algumas) o personagem central é um golpista de NY e percebe a oportunidade de se dar bem na Itália, às custas de um playboy herdeiro. Se você já viu o filme sabe bem do que se trata. Nessa série o protagonista é interpretado pelo talentoso Andrew Scott ("Sherlock" e "Fleabag"). O ator aparece com uma atuação impecável e cheia de toques pessoais. Mesmo que você saiba o enredo todo ainda fica o suspense e a falta de fôlego. Impressionante! Para atuar ao seu lado temos os eficazes Johnny Flynn (Dickie Greenleaf) e Dakota Fanning (Marge Sherwood) completando o triângulo famoso. Eu destacaria também Maurizio Lombardi na pele do inspetor Pietro Ravini. A série era para ter estreado no Showtime em 2023, porém foi direto para a Netflix. 

São oito longos capítulos divididos em formato de minissérie. A direção de arte e fotografia são sublimes. E, a ousadia de tudo é que, mesmo com uma Itália paradisíaca como "background", eles optaram pelo preto e branco. E ficou incrível. Arrisco dizer que essa versão é bem superior ao filme de 99 e empata com as grandes referências que se tem ao cinema clássico. Refiro-me a "O Sol Por Testemunha" (René Clément) e "O Amigo Americano" (Wim Wenders). A versão antiga "Plein Soleil" com Alain Delon equipara a essa do streaming. Um outro mote da série é a vida e obra do pintor renascentista Caravaggio. A biografia do italiano é contraponto quase que central no enredo. E, praticamente costura uniforme partes reflexivas e temperamentais de Ripley.

A direção e adaptação é de Steven Zaillian. E é certeira. Veja assim que puder!


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sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Pauta de Hoje: Melhores Discos de 2023.

 

Pauta de Hoje: Melhores Discos de 2023.


Primeiro de tudo, eu gostaria de esclarecer que, mesmo no ano de 2023, ainda sigo escrevendo "discos" a referir-me sobre álbuns, obras ou trabalhos lançados por artistas/bandas. Sim, ainda resisto. Claro que muita gente boa lança singles, por ora EPs, e tal... Porém, é disso mesmo que trato aqui: álbuns (discos) lançados no ano corrente. Em miúdos: um trabalho com um determinado números de canções que cada um veio a lançar. Simples assim...
Em outras vezes coloquei também séries, filmes, destaques, personagens, etc... Admito que gosto de fazê-lo. Cultura é o mote nesse espaço. Todavia, esse ano farei somente sobre música mesmo. Por conta de muitas tarefas e tempo apertado resolvi abreviar esse rol. Certo?
Então, vamos aos escolhidos:

(Ah... Lembrar que não tem ranking nem ordem. Todos foram selecionados e pronto.)


20 ÁLBUNS DE 2023


YO LA TENGO - This Stupid World 

(Ouça: "Sinatra Drive Breakdown)

A banda estadunidense (New Jersey) retorna com um excelente disco. Impressionante como os caras envelhecem de maneira boa e criativa. O som clássico continua, deveras, mesmo assim sempre há modernidade nas melodias e harmonias. Pode ir sem medo! Ira Kaplan é um gênio moderno.

SLOWDIVE - Everything Is Alive

(Ouça: "Kisses")

Eu afirmei no decorrer do ano que "lista que não habitar esse álbum eu nem respeito". Rarara... Brincadeiras à parte, Slowdive produziu mais uma pepita do shoegazer. O disco é excelente. É colocar pra rolar, baixar a luz e curtir. Se você ama o gênero (ou não, sabe?) pode ir com tudo. Neil e Rachel cantam muito no disco. 

WATER FROM YOUR EYES - Everyone’s Crushed 

(Ouça: "Barley")

Duo dos USA que vem agitando festivais mundo afora. O disco reúne de tudo um pouco. O habitual indie, mas também reside ali o pop, rock, experimentalismo (Eu sei, eu sei... Essa palavra vulgarizou) e tal. Uma das surpresas mais bacanas que eu ouvi. Mais um acerto da Matador Records.

IGGY POP - Every Loser

(Ouça: "Strung Out Johnny")

Quem disse que a iguana envelhece? Pois é... Iggy mostrou boa forma e habilidade. O trabalho dele é um dos mais relevantes da carreira atual. Mistureba competente de rock, punk rock, hard rock, etc... Todas as faixas são coesas e boas. Sério. Não tem música ruim. 

SPARKS - The Girl Is Crying In Her Latte

(Ouça: "It Doesn't Have To Be That Way")

Uma das coisas mais importantes da música, bicho! Que isso??? Os irmãos estão aí no mundo mais de cinquenta anos... Enfileiram clássicos. Os caras fizeram um disco característico dos Sparks. Discão! Se um jovem não conhecesse a trajetória deles e pusesse o disco pra rolar já iria curtir. Conhecendo então... Pule de dez. Está tudo lá: art pop, avant garde, nonsense, dance, glam... Para. Relevância pouca é bobagem!


Slowdive


Yo La Tengo


PJ HARVEY - I Inside The Old Year Dying

(Ouça: "Lwonesome Tonight")

Polly Jean entregou (feio, né?) um trabalho bem reflexivo e bonito. Canções líricas e profundas permeiam todo álbum. Gostei demais. Atesta a veia compositora que ela sempre teve. Muito bom!

YPU - Paranoar

(Ouça: "Somebody in Love With You")

Duo radicado em Brasília. Fiz um resenha deles para Rock Press. Um trabalho super moderno com uma geleia de dance, pop, soul e tal. A dupla reúne o produtor talentoso Gustavo Halfeld e voz bonita de Ayla Gresta (trompetista nas horas vagas).

YOUNG FATHERS - Heavy Heavy

(Ouça: "I Saw")

Mais uma boa surpresa desse ano. Não conhecia profundamente o produtor. Disco para fazer a cabeça de quem curte groove e a música contemporânea. Eu ouvi, pelo menos, três vezes para entender o conceito por trás desse. E, reconheci que é bom mesmo. Trabalho de quem olha pra frente e está antenado com bons sons.

ANDY SHAUF - Norm

(Ouça: "Halloween Store")

A timidez de Andy contrasta com a qualidade das composições. O canadense faz um som muito autoral. Reúne um baroque pop com folk e indie. Canções ensolaradas, porém com certa melancolia. Entendeu? Tudo é meio controverso mesmo, contudo Andy é lírico na medida ideal. Venho acompanhando a trajetória dele e, o cara pavimentou uma estrada muito relevante. 

GAZ COOMBES - Turn the Car Around

(Ouça: "Feel Loop ((Lizard Dream))")

Gaz é um dos compositores mais interessantes há tempos. Nunca deixou de produzir e de seguir com extrema relevância. Tem um par de discos solos ótimos. Esse é mais um dele. O curioso é que durante audição eu puder perceber como Gaz amadurece de forma contínua. E, as harmonias seguem bem trabalhadas e belas. O cara é artista na concepção da palavra.



The Dead Suns


Andy Shauf

THE DEAD SUNS - A Luta Continua

(Ouça: "Alice's Garden")

A banda reúne músicos excelentes da cena underground carioca. Mas, somente ter não basta. Há de se mostrar competência. O disco é muito, muito bom. Canções ali que vc admira imediatamente. Pude conferir o Dead Suns ao vivo e o disco também passou com louvor no teste. Se eu fosse você adquiria agora mesmo uma cópia. Discão!

CVC - Get Real

(Ouça: "Anogo")

Uma das bandas que mais gosto atualmente. E, esse trabalho está incrível. O CVC criou uma fama de "nova esperança da música" - coisa que eu abomino - mas, que eu entenderia a justificativa. Puta disco! Foi complicado de separar uma faixa pro "Ouça". Todas as faixas são bacanas. Pode ir sem medo! Depois me cobre...

PARIS TEXAS - Mid Air   

(Ouça: "Everybody's Safe Until")

Entendi foi nada quando ouvi esse disco. Rarara... Mas, o conceito nele é incrível. A música feita ali, talvez, seja pra entender daqui a uns anos. Essa faixa que eu mencionei acima é maravilhosa. Coisa fina. Geralmente quando eu pouco entendo um trabalho e depois vou absorvendo amiúde tende a ser uma obra-prima. Será? Escutem

PETER GABRIEL - I/O 

(Ouça: "Road to Joy")

Adoro Peter Gabriel. Simples assim... Foi o último disco do ano que eu ouvi. Claro, ele lançou dia 1 de dezembro. O trabalho foi descendo redondo e gostoso. São vinte anos, salvo engano, que Peter não aparece. Coisa louca. Porém, ele trouxe-nos coisa fina também. Disco robusto, maduro e cheio de harmonias da melhor escola "Gabrielana". Cada dia eu curtia uma faixa mais que a outra. 



Paris Texas


Bike

BIKE - Arte Bruta  

(Ouça "Além-Ambiente")

Cara, o que foi isso? Os paulistas do Bike fizeram mais uma coisa boa. Discaaaço! Psicodélico, autoral, viajante, etéreo demais. A banda bebe no melhor de coisas como Mutantes, Alceu Valença, etc... Fiquei chapado ouvindo. É muito bom! Recomendo essa trip fodona!

ANA F. ELÉTRICO - Me Chama de Gato que Eu Sou Sua

(Ouça: "Electric Fish")

Há tempos que a cantora vem destacando-se no cenário nacional, não? Muita gente boa toca no nome dela. Separei o trabalho e fui conferir. Na segunda audição já tinham algumas faixas ali na minha cabeça. Coisa boa sim. Faixas como "Dela", "Dr. Sabe Tudo" e a supra citada "Electric Fish" são puro groove! Boas demais... Dançantes, bem tocadas e com punch fodão!

ALTIN GÜN - Ask

(Ouça: "Yüce Dag Basinda")

Olhe só... O que você pode esperar de uma banda muito psicodélica e com origem turca? Mais: radicados na Holanda... Só essa premissa faz-me conferir de perto. Não? Que isso!? E é muito bom o trabalho. Adorei! Lembra minha terrinha (sou neto de sírios e libaneses) também. Pegou-me no coração antes da psicodelia. 

THE LEMON TWIGS - Everything Harmony 

(Ouça: "In My Head")

Pois é... Mais uma banda com irmãos no front. Os caras têm seis anos de formação. Esse é o segundo trabalho. Fui pescado pela faixa que mencionei acima. Adorei! Eles fazem um som barroco (de novo...) e alternativo. Não foi algo que eu amei assim, mas o disco todo é bem legal. Partes de folk também captaram-me. Ouçam.

WEDNESDAY - Rat Saw God  

(Ouça: "Quarry")

Quinteto estadunidense muito competente. Eles são oriundos do famoso selo, "Dead Oceans" e formaram-se em 2017. Apesar de seis anos de estrada já estão no quinto álbum. Um atrás do outro. Nesse aqui eles mostram ótimo serviço. A minha curiosidade aumentou quando li que eles eram a melhor banda indie atual. Bom... Não sei se são a melhor. O que posso dizer é que o disco é muito bom. Super sonoro, criativo, barulhento, noise, etc... Promessa de sujeira boa, hein? Discaaaço!

TERRAPLANA - Olhar Pra Trás  

(Ouça: "Me Encontrar")

Os caras são de Curitiba. Uma banda que faz um shoegazer de muita qualidade. Indico a qualquer pessoa que aprecie o gênero. É deixar rolar e transcender legal. Ótimo trabalho.


Listas foram feitas para discordar, comentar e debater. Achou que faltou coisa aí? 
Ufa! Que bom... Pois eu deixei, pelo menos, mais vinte discos aí de fora. Né?


BOAS FESTAS!


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quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Pauta de Hoje: The Rise and Fall - Madness (1982)

 

The Rise and Fall - Madness (1982)


Madness sempre foi uma das bandas mais interessantes e pulsantes ali do fim da década de 70. Originais de Londres e, influenciados pelo ska, reggae e rocksteady tiveram uma enorme influência dos sons jamaicanos assim como toda a Inglaterra. Bandas punks, inclusive, também beberam e curtiram o som da Jamaica. Só para citar algumas como: The Clash, PIL ou The Police. Decerto que o Police não foi uma banda punk e nem o PIL foi um grupo de ska, porém, Johnny Rotten era um fã assumido de dub. O que estaria presente em muitas faixas do PIL em discos seminais ali de pós punk, sobretudo nos primeiros trabalhos.

De qualquer modo, nesse período (pós 76) havia começado um movimento (gênero) que foi cunhado como 2-Tone e, legitimado pelo selo (gravadora) 2 Tone Records criado por Jerry Dammers, líder do The Specials. O cast principal continham Madness, The Beat, The Selecter, Elvis Costello, o próprio The Specials, entre outros. E, foi a partir daí que muitos artistas/bandas construíram suas carreiras. 



Posto esse preâmbulo todo para informação e consciência do cenário à época, eu tomo a liberdade de ater-me ao assunto principal: a banda Madness. E, em específico um disco clássico deles de 1982: "The Rise and Fall". O álbum completa agora, dia 8 de outubro, quarenta e um (41) anos de vida. Confesso que foi o segundo disco deles que eu ouvi. E, notei enorme diferença entre ele e o primeiro da banda: "One Step Beyond" (homenagem ao ídolo máximo Prince Buster) de 1979. 


O Madness construiu nos primeiros álbuns uma carreira muito respeitada na Inglaterra com seu ska revival e rocksteady. Colocaram, através desses discos, muitas canções nas primeiras posições de listas musicais. Porém, a partir do terceiro disco ("7") e "The Rise and Fall" (quarto disco) a banda resolveu ampliar suas referências e sonoridades. Desde o vocal de Graham McPherson, o "Suggs" (o sotaque carregado foi perdido) até as harmonias que foram incluídas nas músicas. Tudo isso foi amplamente percebido pelos fãs como pela crítica especializada. Vale ressaltar que essa mudança toda agradou boa parte dos críticos. E, ouso me incluir nessa também. 

Dessa forma, "The Rise and Fall" assim foi concebido. Antes a ideia era de um álbum conceitual e recheado de experiências íntimas dos músicos, mas no meio do processo as coisas foram mudando. As letras obedeceram o planejamento, contudo, as melodias nem tanto. 


Devo confessar (mais uma vez) que trata-se do meu trabalho predileto deles. Desde que ouvi fiquei admirado com a beleza e criatividade dos rapazes. O septeto (sim, são sete músicos) - Suggs, Mike Barson, Chris Foreman, Lee Thompson, Chas Smash, Dan Woodgate e Mark Bedford - conseguiram construir faixa a faixa sons ricos e bonitos sem perder a ironia, ousadia e irreverência (marca registrada, inclusive nos clipes). Os metais seguem firmes nesse trabalho, a sombra do ska e o andamento musical também. Nada perdeu-se. Tudo foi incluído e melhorado. Faixas como "The Rise and Fall", "Mr. Speaker" (uma canção beeem pós punk) e "Calling Cards" demonstravam que a banda não esquecera suas origens. Porém, ali haviam surpresas auspiciosas como "Blue Skinned Beast" (belíssima canção), "Primrose Hill" (Uma psicodelia tardia meio Beatles) e "Are You Coming With Me?" (outra pepita). 

Os arranjos são extremamente bem feitos dando uma cara de álbum conceitual, apesar da banda negar de forma peremptória. Mas, tem muito mais coisas ali. Um ar de jazz certas vezes outras vezes clima de big band ou avant garde. Eu diria que esse disco é um dos mais experimentais da carreira do Madness. 

Em entrevista, Suggs afirmou que a ideia inicial era que cada um colocasse nas letras suas experiências de vida. Isso foi QUASE seguido à risca; não fosse por "New Delhi" (Mike Barson foi o culpado). "Tiptoes" remete um fake bolero. Foi uma das faixas que demorei a curtir. "That Face" é uma ótima faixa também influenciada pelo pós punk londrino. Aliás, a linha de baixo dessa música é qualquer coisa de genial. Quase me engana de banda. 

Jamais poderia terminar esse texto sem citar duas faixas emblemáticas. "Tomorrow's (Just Another Day)" e "Our House". Uma foi paixão à primeira vista. Assim que ouvi "Tomorrow's" grudei no vinil (sim... Tenho em vinil). É uma melodia perfeita. Demonstra todo talento de Smyth e Barson (os autores) do primeiro ao último minuto. Já "Our House" é um hit pronto. Não há nenhuma coletânea, show ou revival que exclua essa canção do set. Impossível! E é um petardo estupendo... Nas festinhas que eu frequentava ela era uma espécie de celebração entre os fãs. Uma forma de afirmar que "aquela ali era a nossa casa". Certamente a música mais importante desse disco e mais famosa da carreira deles. 

O álbum fecha de forma deliciosa com o jazz fusion de "Madness (Is All in the Mind)". E, diferentemente das outras faixas, essa conta com Chas Smash nos vocais principais. Uma despedida com classe e refino. 

Uma curiosidade acerca de "Rise and Fall": o disco jamais foi lançado nos Estados Unidos. Assim sendo, no ano seguinte (83) lançaram uma compilação contendo seis faixas do álbum e o restante com clássicos de discos anteriores. Uma lástima ao meu ver. Esse trabalho requer audição completa da primeira a última canção. Azar do mercado estadunidense. 

Se você nunca escutou esse disco faça esse favor a si. Se já conheces sabes do que falo. Aproveite para abrir um conhaque bom e re ouça! É sublime!




Leozito Rocha

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sexta-feira, 31 de março de 2023

Brechó Maio 68

 

BRECHÓ CULTURAL MAIO 68



O ano de 1968 ficou marcado tanto no Brasil como na França. Por aqui instaurava-se o AI-5 e culminou com uma série de torturas e mortes; e na França estudantes protestavam contra medidas conservadoras e políticas duras. O escritor Zuenir Ventura, em seu livro relevante, “1968 – O Ano que não terminou” retratou fielmente todos episódios de exílio, torturas e morte. Nos EUA, Martin Luther King foi assassinado e a Guerra do Vietnã era motivo de protestos e repreensão por parte do governo. Enfim... Motivos é que não faltaram naquele ano. 




Porém, a partir desse mote, surgiu a ideia de dar nome a um espaço cultural no coração da Tijuca. Sim, com ideais culturais e de pleno cunho social. O Brechó Maio 68, criado por Carolina Padula, nasceu como ambiente vintage e signos importantes para quem admira arte e história do país. Mesmo com a linda decoração há em diversos ambientes lembranças de luta e resistência de uma país sem memória. Mas, nem tudo é cinza. Ao contrário: o espaço é rico em cores e memorabilia vintage. Objetos, coleção e sobretudo roupas dão o conteúdo de um local mágico e refinado. Quem visita-o tem um impacto visual e memorial desde a entrada. Carolina garimpa desde 2018 os mais bonitos vestuários e peças com fino gosto. O resultado é a satisfação plena dos clientes e a confiança de que adquiriu peças de roupa do mais alto gosto.




O Brechó Maio 68 tornou-se um sucesso de público e crítica nos anos seguintes e resistiu de forma criativa e resiliente a uma pandemia. Para tal, conta com a venda online (serviço completo ao fim do texto) divulgada amplamente nas principais redes sociais. Conta com dez espaços bem decorados e coloridos, além de um Bistrô charmoso para todo tipo de gosto gastronômico. Na carta tem sanduiches caprichados, drinks criativos e chopp artesanal. O cliente come, ouve música, admira e compra as roupas e aprecia o bom atendimento do Bistrô. A combinação perfeita para quem gosta de locais sortidos e com bastante algo a fazer. Desde 2018 são realizados eventos, shows, saraus, locações e suítes de DJs. O lugar respira arte.


O blog mesmo pôde testemunhar shows de João Bonfá, Beach Combers, Luiz Lopez, Dead Suns, Mauk e os Cadillacs, etc... Por vezes também DJs sets de Gabriel Thomaz (Autoramas), Danilo e Manu (Festa Ahoy), Leozito (Noramusique; Internova), Buda (Internova), Nem Queiroz (fotógrafo musical), Renato Biao e Aline Canejo entre tantos outros. Foi capa três vezes da sessão de cultura do jornal O Globo e seguiu sendo uma referência na cidade.
 





Para os mais desavisados, o local tem muita história. Localizado na Rua do Matoso (serviço completo abaixo), a turma de Erasmo e Tim Maia circulava nos anos sessenta por ali e se reuniam num bar famoso que ainda segue aberto. Carolina cita que os DJs residentes sempre tocam a canção de Tim Maia ("Haddock Lobo, Esquina com Matoso") durante eventos. Tornou-se uma tradição. A canção virou marca registrada. Uma espécie de ritual. E o acervo de roupas de lá é algo majestoso. Uma vez que a pessoa entra jamais esquece a experiência e a qualidade de cada item que lá tem. Eu diria que é imprescindível o carioca (ou até mesmo o turista) visitar e desfrutar cada momento no Brechó.



De lá para cá, formou-se admiradores e frequentadores que amam o espaço e sempre reservam tempo para olhar as roupas, conversar sobre moda e arte, ouvir boa música e curtir o Bistrô Danilove de Rodrigo Silveira (sócio de Carolina). São drinks e acepipes variados. E, cada ano renova-se o público e os admiradores do Brechó. A impressão de que, retomada a democracia, as pessoas voltaram a admirar e consumir arte e moda. Novos capítulos estão surgindo na vida do lugar e de seus sócios. O que não muda é o capricho na escolha das roupas e o belíssimo estilo do espaço.




Vida longa ao Brechó Cultural Maio 68!


Serviço:

Rua do Matoso, 184 - Tijuca

Funcionamento: quarta, quinta e sexta das 17h às 22h

Sábado e domingo das 16h às 22h


Contatos:

21 99647-8544 (whatsapp)

@maio68brecho (Instagram)


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Pauta de hoje: Melhores de 2021

 

Pauta de hoje: Melhores de 2021

Salvem amigos e amigas... Pois é. Depois de um hiato de mais de cem dias cá estou mais uma vez. E, dessa vez por um motivo nobre: lista de melhores de 2021. Hmmm... "Lá vem ele..."

Nah... É somente mais uma lista, porém pode influenciar e apoiar pessoas que gostam de música como eu. Pessoas que adoram novidades e seguem acompanhando e curtindo sonoridades não radiofônicas assim ou sem apelo musical. A gente sabe que a indústria musical é uma das mais deprimentes e patéticas. Sim. Façam uma rápida pesquisa aí nos meios tradicionais e ouçam quanta gente repetitiva e chata. Uma avalanche de mesmice, preguiça e falta de criatividade. As mesmas músicas, os mesmos tons, beats e afins. Zzzzzzz... Para. 

Bom... O ano teve em média dez mil lançamentos (Whaaaaat?) distribuídos em diversos gêneros e estilos. Claro que nenhuma alma santa pode sequer ouvir com atenção dez por cento disso. Talvez, raríssimas exceções. Acreditem. Esse quem vos escreve conseguiu ouvir entre oitenta a cem discos. Pois é. Faz parte do meu cotidiano. Consegui parar, sentar e colocar os "eleitos" (por mim) numa lista (rol) aqui. Nessa, estão gente muito nova, bandas clássicas, artistas antigos, gente que se reinventou e bandas bem frescas (album de estreia ou segundo álbum). Essas últimas eu dou uma atenção especial. Muito bom pegar artistas (bandas) em seu começos. 

Chega de texto e vamos aos contemplados (não estão em ordem alguma):


Blunt Bangs



Arlo Parks

TOP 20

Japanese Breakfast - "Jubilee"
Dry Cleaning - "New Long Leg"
Low - "Hey What"
Arlo Parks - "Collapsed in Sunbeams"
Blunt Bangs - "Proper Smoker"
Lucy Dácus - "Home Video"
Iceage - "Seek Shelter"
Deafheaven - "Infinite Granite"
The Weather Station - "Ignorance"
Little Simz - "Sometimes I Might Be Introvert"
A Place to Bury Strangers - "Hologram"
Ty Segall - "Harmonizer"
Pond - "9"
IDLES - "Crawler"
Madlib - "Sound Ancestors"
Cloud Nothing - "The Shadow I Remember"
Viagra Boys - "Welfare Jazz"
Beach Fossills - "The Other Side of Life"
Shame - "Drunk Tank Pink"
Sleaford Mods - "Spare Ribs"

Sentiram falta de algo? Claaaaaro... Cortei mais quinze dessa lista acima. Tive que adotar um critério torto. Mas, fiquem certos de que lista boa é aquela que sempre falta. Sacaram? Talvez eu faça uma segunda parte. Dependendo do tempo que eu tiver. No mais: feliz ano novo (se é que é novo mesmo...), saúde e sabedoria a todos. 
Ele não!!!

SAIDEIRA

Django Django - "Glowing in The Dark"
Still Corners - "The Last Exit"
Tune Yards - "Sketchy"
Jon Batiste - "We Are"



Cheers.







quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Pauta de Hoje: O dia 11 de setembro de 2001

 

SETEMBRO, 11

Se você tem mais de 35, 40 anos deve-se lembrar bem da manhã do dia 11 de setembro de 2001. Eu me lembro bem. Era mais um dia comum na minha vida e como de costume acordei por volta das sete e quarenta e cinco para trabalhar. Levava em média trinta a quarenta minutos para sair de casa. Pois assim, o fiz. Saí do banho e passei um café. Para degustar e digerir liguei a TV. Nesse instante, o tempo congelou... Imagens de "Nova York em chamas!" Um avião tinha acertado uma das torres gêmeas matando centenas pessoas. Ainda não se sabia das intenções e como havia acontecido. Fiquei em choque. Como eu não tinha um celular decente (e quase ninguém o tinha) e tampouco internet móvel fiquei relutando em sair. Queria acompanhar os fatos. Poucos minutos depois um avião bateu nas torres. Pelo espanto e horror do repórter entendi que era "ao vivo" (!!!!). Não era replay! Trocando em miúdos: assisti ao segundo ataque ao vivo! Transmissão para o mundo em tempo real. Aquilo tudo me espantou, claro. 

Bom... Resumindo: me arrumei e fui trabalhar. Lá eu não tinha como acompanhar. No almoço fui buscar mais informações. Quando o dia terminou tudo começou a ser explicado. Li e reli matérias acerca de tudo. Foi uma loucura. Quem não viu ou não se lembra não tem noção do que foi. Foram dias e dias a fio contando, comentando, analisando, revendo, estudando tudo que aconteceu naquele dia. Repito: era 11 de setembro. Por volta as oito e vinte da manhã. 



Naquela manhã faleceram quase três mil pessoas no total. Sequestradores (terroristas), tripulantes e as pessoas que foram atingidas em Nova York. Acrescente mais dois aviões que também foram dominados pelos membros da Al Qaeda e caíram no Pentágono e Pensilvânia. Um ataque aos EUA bem explícito. Mas, esse texto não estaria completo se eu não falasse (ou escrevesse) que tudo isso começou anos, décadas antes. E, de maneira alguma estou justificando terrorismo, porém toda história tem começo, meio e fim. Nada começou no dia 11. O autor intelectual do atentado (chamaram assim no dia) foi Bin Laden, ex aliado do próprio EUA anos antes em guerras locais no Oriente. Explicar aqui como os fatos começaram a ocorrer quarenta anos antes tomaria muito tempo do leitor e exigiria paciência também. A quem possa interessar está tudo nos livros, registros históricos, conteúdos técnicos e específicos, etc. E, posso afirmar aqui que não existem mocinhos nessa disputa. Nunca houve. Os mocinhos, de verdade, são os civis dos países envolvidos e que foram assassinados de maneira fria e cruel em décadas de invasões, conflitos, guerras e esquemas bélicos. Quem tiver curiosidade assista ao filme "O Senhor das Armas" com Nicolas Cage. Ali tem um pouquinho do que se fez e faz desde a primeira guerra mundial. Países desenvolvidos e outros quase nada desenvolvidos. 

Naquele dia passei o telefone e liguei para minha prima que morava em New Jersei, mas trabalhava perto das torres. Foi muito difícil falar com ela. Lembrando de novo: estamos em 2001. Não tinha whatsapp, rede social direito nem dados móveis de internet no celular. Tive que fazer por telefone mesmo. Minha prima estava paralisada de medo, mas bem de saúde. Imagino que a população estadunidense deva ter ficado traumatizada a partir daquele dia. Tanto que inúmeros protocolos novos foram criados a partir desse dia. Tanto na aviação como na vida em si do país. Muitos mesmo. No local, hoje em dia, uma torre principal foi construída no novo WTC (World Trade Center) e ali foi conhecido como "marco zero". 

Quero esclarecer aqui que esse não é um texto jornalístico. É apenas um texto narrativo sobre o que vi e vivi naquele dia. Toda pessoa tem a sua visão sobre esse dia e como passaram as horas e semanas depois. A biblioteca é mental mesmo. Vale ressaltar aqui que quatro dias antes o Brasil celebrou o dia 7 de setembro, certo? Data de sua independência. Feriado nacional. E caiu justamente numa sexta-feira. Um fim de semana emendado, prolongado. Muita gente voltava de viagem. O ataque ocorreu, como vocês já fizeram as contas, numa terça-feira. É engraçado essa sensação. Far-se-ão vinte anos redondos e sempre me lembrarei que era começo de semana. A sensação de que havia tantos dias para descansar ainda permanece em mim...rsrs. Memória seletiva mesmo. 

Contudo, posso garantir que esse é um dos eventos mais relevantes do começo do século e milênio. Acreditem. O ano era 2001 e muitos poucos eventos dessa relevância ocorreram depois. Talvez a pandemia, sim. Mas, é um assunto de outra natureza. Não vou desenvolver aqui nesse instante. Mas, confiem... Eu tive o arrepio no dia ao perceber que aquele não era um dia ou evento qualquer. Era história acontecendo diante da tela, diante dos meus olhos. Plena certeza e sensação. Pelo menos para quem mora desse lado do Ocidente. O que os habitantes do Oriente viram e viveram antes e depois não posso mensurar nem citar, porém devem ter dias como esses mais constantes. Isso é terrível também. 




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quarta-feira, 28 de abril de 2021

Pauta de Hoje: A Série THEM

 

THEM



Como vocês bem observaram no título do post esse falará a respeito da série THEM. Antes de que algum desavisado esbarre no blog e tenha a falsa impressão de que me refiro a banda (homônima) de Van Morrison. Rsrsrs... Não. Longe disso.  Eu coloquei em "caps lock" por dois motivos: o primeiro é justamente para dar maior destaque (fato que  é função primordial do caps...) e em segundo para aproveitar o espaço pequeno do nome mediante ao texto. Entendeu? Não? Bom... De qualquer modo isso não fará a menor diferença no conteúdo para quem lê. 

Outra coisa: deixarei bem claro que não darei nenhum spoiler aqui. Fique "relax" quanto a isso. Quero deixar o texto atemporal e degustativo a qualquer pessoa. Então todos poderão ler e seguir para ver ou ver antes e conferir algumas ideias aqui. 

THEM vem causando muita comoção nos EUA e, espero que assim seja no Brasil também. Tratando-se de um show que expõe o horror do racismo estadunidense misturando religião e metafísica os produtores conseguiram um resultado auspicioso: mexer e provocar o telespectador. Impossível assistir e ficar imóvel a tela. Pior: é capaz de traumatizar os mais desavisados. Mas, vamos destrinchar um pouco mais do show novo da Amazon Prime (estreou dia 9 de abril de 2021)...

Tudo se inicia na década de 50 em meio a política racista e cruel de Jim Crow no Sul dos Estados Unidos. Uma família de classe média negra resolve tentar a sorte grande na Califórnia dentro de um bairro extremamente preconceituoso e elitista. São futuros vizinhos que bem poderiam estar ou ser membros da KKK. Partindo desse tremendo desafio, a família formada por quatro membros, precisa passar por obstáculos hercúleos e cruéis (a série garante náuseas e profunda tristeza) diante de uma sociedade caricata e hipócrita. 

Bem... Se fosse somente esses "players" (por falta de melhor verbete, desculpem-me) e conjunturas a série seria mais uma. Porém, o sobrenatural é adicionado e permeia o roteiro até o fim. E, esse é um dos truques de THEM. São duas linhas concomitantes e igualmente sofríveis que os nossos heróis (e vocês verão porque escolhi essa palavra) têm que enfrentar. Cada um à sua maneira. Cada qual com seus infernos particulares e obscuros. Cada qual tentando esconder e ao mesmo tempo ajudar os outros. Esse é outro ponto forte do show. Quem curtir personagens densos e com background espesso irá se fartar. 

Do meio pro final, se você conseguir chegar incólume (o que eu duvido), estarás sedento e contaminado por um misto de desejos e sentimentos. Guarde-os e assista até o fim. A série sustenta tudo e todos até os minutos finais. Sugiro que separe tempo e mente para segurar o rojão. Aliás, falando nisso... Alguns atores consultaram um terapeuta que havia no set o tempo todo. É disso que estamos falando aqui. 

Dou destaque também a trilha sonora. Envolvente, cativante, outras vezes angustiante e tensa. Há cenas memoráveis que funcionam perfeitamente com a trilha. Outro bom ponto de THEM. Procurem alguns "tunes" presentes no show. Vale a pena. Como valem também outros truques e referências históricas. Tais como o golpe habitacional que os barões da indústria aplicaram em todos de renda baixa como o sistema financeiro cruel a juros impagáveis. 

ELENCO - Uma série assim precisa de um grande elenco. O núcleo da família é muito bom. Assim como alguns outros protagonistas. Destacaria aqui a mãe e o pai (Deborah Ayorinde e Ashley Thomas) respectivamente, Alison Pill (impenetrável e assustadora - foto), Dale Dickey (quase um espantalho) e Christopher Heyerdahl como um homem perturbador e enigmático. 


Gostou? Pois é. Eu nem estava preparado para tal e mergulhei. Acho que os países do continente americano necessitam debater e discutir mais e mais sobre racismo e exclusão. E, essa conversa não pode ser sutil nem leve. Não foi na época e segue não sendo até hoje. Não é? 

Reserve um tempo e mãos à tela! 

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